As plataformas de apostas online, popularmente conhecidas como “bets”, movimentaram aproximadamente R$ 68 bilhões no Brasil no último ano, segundo um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Esse valor representa 22% da renda das famílias brasileiras e corresponde a 0,62% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, destacando o impacto crescente desse setor na economia e no orçamento familiar.
O aumento das apostas tem gerado preocupações, com muitos brasileiros abrindo mão de itens essenciais, como alimentação, para investir em jogos de azar. Um exemplo desse impacto é o caso de uma diarista que perdeu o dinheiro reservado para comprar comida para os filhos em um jogo online, conhecido como “jogo do tigrinho”. Após a perda, ela precisou recorrer à ajuda de uma ONG para alimentar a família. “A gente joga para ganhar dinheiro, mas acaba perdendo mais”, relatou emocionada, preferindo não mostrar o rosto. “Qualquer dinheiro fácil ilude a gente.”
As pesquisas reforçam o cenário alarmante. Dados da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que 40% dos brasileiros já deixaram de adquirir algo importante para apostar. Além disso, 18% dos jogadores revelaram ter tido o nome negativado por dívidas relacionadas a apostas, enquanto 15% afirmaram ter deixado de pagar contas para continuar jogando.
Outro dado preocupante veio do Banco Central: em agosto, beneficiários do programa Bolsa Família transferiram R$ 3 bilhões para plataformas de apostas online. Especialistas em saúde financeira e mental estão preocupados com o aumento do endividamento e da inadimplência como resultado desse fenômeno.
Leandro Machado, especialista em administração pública, destacou os riscos associados à desregulamentação do setor, incluindo a possibilidade de lavagem de dinheiro. “É um terreno fértil para irregularidades e lavagem de dinheiro”, alertou.
Internacionalmente, países como Reino Unido, Canadá e Itália já implementaram regulamentações para o mercado de apostas online, com o Reino Unido sendo considerado um dos mercados mais bem regulados do mundo.
Via Gazeta Brasil