Apostas, futebol e o crime: como resolver essa questão?
Notícias de manipulações no resultado de partidas de futebol têm surgido com frequência na mídia. Recentemente, um caso gerou grande repercussão no Brasil, onde ao menos 15 jogadores foram acusados de estarem envolvidos em um esquema para alterar os resultados dos jogos. Este tipo de situação não é exclusivo do Brasil, sendo noticiado em lugares como a Itália e o Japão, envolvendo tanto o futebol quanto outros esportes.
Jogadores com menor desempenho são mais propensos a aceitarem propostas ilegais, para manipular o resultado de um jogo. A discussão é ampla e universal, levantando questões sobre quais seriam as melhores estratégias para combater esse tipo de crime.
O estudo da economia é uma grande ferramenta para combater a manipulação de resultados no futebol e em outros esportes. A ‘Economia do Crime’ e a ‘Economia do Esporte’, ambas abordam o papel dos incentivos na ação dos indivíduos. Incentivos mal planejados podem falhar em prevenir crimes e infrações no âmbito esportivo.
De acordo com um estudo recente publicado no Journal of Sports Economics, de Thomas Giel e coautores, jogadores de baixo desempenho tem mais chances de cederem a manipulação de resultados. Eles concluíram que aumentar a probabilidade de detecção do crime tem um impacto maior em coibir a prática ilegal do que a aplicação de punições financeiras (como multas).
Os autores do estudo sugerem medidas como: reforço na vigilância, aprimorar a transparência, criação de um canal de denúncias e introdução de incentivos específicos de desempenho relativo para reduzir a variabilidade no esforço dos atletas. O estudo ainda defende que o empenho das autoridades na mitigação deste tipo de comportamento deve ser proporcional à importância econômica do setor.
Considerando o peso econômico do futebol no Brasil, análogo ao do Piauí (representando cerca de 0.72% do PIB do país), é inegável a necessidade de se evitar que o crime domine o esporte do país.